Orientação parental e adolescência
- maria frança
- 26 de nov. de 2024
- 3 min de leitura

Quando o casal recebe a notícia que esta grávido e aguarda o dia do nascimento do bebê, inicia-se uma jornada de conhecimento e busca de informações sobre como ofertar uma infância saudável, segura e estimulante para o novo integrante da família. Desde o início desta jornada, os pais ingressam num mundo de referências de alimentação, cuidados, marcos de desenvolvimento e estimulação motora e cognitiva. Enfim, descobrem-se envoltos em um mundo de referências teóricas e práticas de modelos de educação e desenvolvimento da criança. Porém, quando falamos da fase da adolescência, não vemos a mesma diversidade de material e conteúdo para formação destes pais. E agora, como orientar estes pais nesta fase da vida de um jovem?
Dentro de uma visão contemporânea, a figura do adolescente carrega uma imagem negativa, associada à característica de comunicação precária, transgressões, vícios, descobertas sexuais, alterações de humor e identificação grupal aumentada. A partir desta imagem, constrói-se uma sociedade que não permite espaços de desenvolvimento destes jovens. Como crítica, para as crianças são reservados brinquedotecas, parque infantil, biblioteca. Mas e para os jovens? Quais espaços podem ocupar e expressar de forma plural sua subjetividade, vivências, conflitos e linguagens. E mais, quem vai exercer o papel de escuta deste juvenil e, consequentemente, ser porta-voz para a sociedade dos marcos de desenvolvimento, sejam estas conquistas ou bloqueios a serem desenvolvidos.
Esta comparação que faço entre as fases do desenvolvimento: “Infância x Adolescência”, visa trazer reflexão para a valorização ou desvalorização que fazemos de cada fase. Entender que a fase juvenil é mais uma das fases de desenvolvimento, que exigem dos pais, dos educadores, dos profissionais de saúde e da sociedade um aprofundamento teórico e prático, incluindo a observação desses sujeitos em ambientes de livre expressão com suporte de cuidadores atentos. Podemos pensar numa adolescência que empodere o jovem de suas qualidades, da potência do seu corpo, com valorização da sua subjetividade livre, sem amarras e prisões. Por isso se faz necessário pensar em espaços, que não se restrinjam à escola ou à residência, em que este adolescente esteja seguro, saudável e livre para experienciar suas habilidades e conhecimentos.
Se você chegou até aqui, e, ainda sim, me questiona: mas como posso me aproximar deste modelo de criação de um adolescente? O que você como profissional pode me orientar?
Vamos lá!
Imagine um super-herói que acabou de descobrir o seu poder, que ainda não regula sua força e de forma desmedida, causa um dano imenso na cidade. Pensar em adolescência é associar à ideia de um corpo e subjetividade em processo de desenvolvimento e maturação, ou seja, um organismo com potência e estimulação biológica desordenada que sente vontade e prazer para usar suas capacidades físicas e mentais. Como primeira orientação, sinalizo a busca por conhecimento biológico. Quais as capacidades neurológicas, motoras e físicas que este organismo tem condições de realizar. Conhecer as potencialidades e limitações permite ao cuidador selecionar quais regras, rotinas e recursos serão apresentados.
Segundo, atualização do que é assunto dentro do mundo juvenil. Seja na escola, no bairro, no prédio, dentro da sua casa, na conversa com amigos e familiares, no seu trabalho, se aproxime ao máximo possível do conteúdo juvenil. Os julgamentos podem ser feitos, mas apenas após esta etapa de observação imparcial. Não construa ideias e, consequentemente posicionamentos, sem antes se aproximar e ser sujeito ouvinte.
Em terceiro, como um dos campos mais desafiadores é a comunicação com este adolescente. Este espaço de diálogo é o canal para acessar a subjetividade de ambos os lados. Podem não haver concordâncias entre as partes, mas haverá um canal de expressão de opiniões, de sentimentos e emoções, que será crucial para a convivência em grupo.
Em quarto, sinalizo a orientação participativa. Esteja aberto a acompanhar o jovem nas novas experiências, seja apresentando informações e causas/efeitos de decisões, ou participando das experiências como ouvinte ou, como testemunha. Neste ponto, prioriza-se construir um ambiente e parceria de estimulação, considerando a segurança e a redução de danos.
Caso este caminho seja muito desconfortável e difícil de trilhar para os pais ou cuidador, chega a hora de pedir ajuda de um profissional. Não nascemos sabendo de tudo ou com habilidades nas diversas áreas, até mesmo, não temos o tempo livre de quando os filhos eram pequenos.
Temos médicos hebiatras, psicólogos e educadores, especialistas em adolescência que podem ajudar. Aqui lhe apresento o serviço da orientação parental, que emerge como uma bússola confiável, guiando os pais e os adolescentes pelos intrincados caminhos do crescimento. Esta pode ser uma aliada fundamental para cultivar o bem-estar e a maturidade emocional do seu jovem.
Se esta for sua condição, busque ajuda! Converse com um profissional.